domingo, 26 de janeiro de 2014

O coração das trevas, de Joseph Conrad

Inesperadas. Essa a qualificação das reflexões que esse livro, O coração das trevas, me trouxe... Deixarei três trechos aqui para que não se percam nos recônditos da memória:

"A conquista da terra, que significa, em grande medida, tirá-la de quem tem a cor de pele diferente ou o nariz um pouco mais achatado que o nosso, não é uma coisa bonita, quando examinamos bem. O que a redime é a ideia apenas. Uma ideia por trás dela; não um pretexto sentimental, mas uma ideia; e uma crença altruísta na ideia - alguma coisa que você pode criar, venerar e oferece sacrifícios a ela... "(p. 15).

"Vocês veem? Veem a história? Veem alguma coisa? Me parece que estou tentando lhes contar um sonho - fazendo uma tentativa inútil, porque nenhum relato de sonho pode transmitir uma sensação de sonho, aquela mistura de absurdo, surpresa e espanto numa excitação de revolta tentando se impor, aquela noção de ser tomado pelo incompreensível que é da própria essência dos sonhos...
Ele ficou em silêncio por alguns instantes.
... Não, é impossível; é impossível transmitir a sensação viva de qualquer época determinada de nossa existência - aquela que constitui a sua verdade, o seu significado, a sua essência sutil e contundente. É impossível. Vivemos, como sonhamos - sozinhos..." (p. 48-49).

"Não, não gosto de trabalho. Teria preferido ficar à toa, pensando em todas as coisas excelentes que podem ser feitas. Não gosto de trabalho - ninguém gosta -, mas gosto do que existe no trabalho - a chance de a pessoa se encontrar. Sua própria realidade - para si mesma, não para os outros - aquilo que nenhum outro homem jamais poderá saber. Eles só podem ver o espetáculo puro e simples e jamais podem dizer o que ele realmente significa" (p.51-52)


Agora é rumar para a segunda parte do livro em busca de mais!